Lá Fora
O espaço natural, em regime de agricultura regenerativa, com uma área total de 600 m2, situa-se entre a ribeira de Telhares (a cerca de meros 5 metros) e a casa, onde se podem frequentar o café/bar, biblioteca/sala de refeições, lazer e trabalho, bem como as restantes áreas de alojamento. Dispõe de zonas sociais constituídas por jardim mobilado com mesinhas de apoio, cadeirões, sofá e espreguiçadeiras; esplanada com telheiro de madeira e bambú; anfiteatro de paletes e palha; recantos individuais; área de fogueira com forno de profundidade e forno comunitário de lenha (este ainda em construção). Em seu redor, por todo o lado se encontram agora canteiros de flores e legumes, ervas aromáticas, árvores de fruto e outras plantas autóctones. A combinação de hortas de alimentos, galinheiro, compostagem, berçário e estufas formam um ciclo de criação e reciclagem. A leste, o portão facilita as descargas de estrume e outros recursos, dando também acesso directo à margem ribeirinha em permanente manutenção, onde também se pode usufruir de baloiço, camas suspensas e bancos.
O terreno foi projectado com diferentes áreas, zonas de sombra e de exposição solar, campos de culturas bio-diversas, estruturas à base de materiais naturais e divisão em patamares. O solo foi trabalhado, manualmente, em profundidade, aproveitando materiais existentes e reciclando outros, sendo-lhe adicionadas matérias naturais e removidas algumas plantas invasivas; foram efectuadas podas de crescimento do arvoredo, compostagem natural, cobertura dos solos e sebes de protecção; foram implementados sistemas de retenção de água, diversas culturas foram plantadas.
Os caminhos foram pensados na largura de um carrinho de mão, as entradas e saídas fazendo a ligação dos caminhos entre si e tanto à ribeira como à casa. As estações de compostagem e materiais são de fácil acesso, uma mesa de trabalho e a casa das ferramentas são o conjunto ideal para simplificar o trabalho na horta. Os pontos de rega foram distribuídos por sistema de gota a gota, assim como o sistema de drenagem das águas fluviais, em caso de cheia, foi construído.
As culturas foram separadas em campos de pequena dimensão para serem trabalhadas, facilmente, por uma ou duas pessoas. Existem campos de flores, arbustos, culturas mistas, produção de silagem, um berçário para produção de plantas futuras. Entre as plantas autóctones encontram-se, intencionalmente, algumas exóticas e, até, invasivas: assim se adapta, pedagogicamente, o princípio da diversidade, que aqui respeita o controlo destas plantas em vivência comunal.
As sebes foram construídas com paletes recicladas para proteção contra animais, tendo, sobretudo, em conta a pastorícia intensiva, assim como para proporcionar sombra e impedir a entrada de lixo no solo. Os arbustos e as árvores foram pensados na paisagem, em pontos chave, para ajudar a manter uma temperatura mais fresca. O jardim de proximidade da casa foi pensado como um jardim de plantas medicinais e aromáticas, desde as rosas ao rosmaninho. Os campos de cultivo entre as árvores misturam culturas, desde flores a vegetais e trepadeiras. As hortas foram criadas com a ajuda de cobertura, tanto para o verão como para o inverno. A pedra extraída dos trabalhos de solo iniciais foram recicladas em jardins de cactos, ajudando a conservar humidade e vida no solo com plantas resistentes ao clima.